Volto para pagar o suco e encontro o carro sujo com meu sangue na roda
Precisava pagar o suco de melancia que tomei semana passada antes de desmaiar, bater a cabeça na roda de um carro estacionado e partir para o hospital de táxi, sem pedir para fechar a conta. Precisava também retornar ao local dos fatos, em Pinheiros, para agradecer a turma que me levantou três vezes do chão, não ligou para o corte e estancou a mina de sangue na parte de trás da minha cabeça com gelo. Enfim, era necessário virar a página e não evitar o pedaço onde passei pelo primeiro apagão (triplo!) da vida.
Antes de ir ao Bar e Lanches Meu Rico Português, na esquina da Teodoro com a Francisco Leitão, refiz outra parte do roteiro da quarta-feira anterior. Almocei com dois amigos dos bons tempos de Trip Editora: Pedro, editor de Revista Personnalité e camarada com que assisti aos jogos decisivos da campanha do hepta do Timão berrando pela janela do apartamento dele; e Fernanda, responsável por uma série de vídeos bacanas que colocamos em pé tanto para Personnalité como para a Audi Magazine. Em vez do Giggio, fomos ao Consulado Mineiro, onde voltei a comer bem, mas evitei caipirinha ou outras bebidas alcóolicas – o calor do dia era muito semelhante ao do da semana passada.
Assim que cheguei fui reconhecido por uma funcionária que, com a maior naturalidade do mundo (como se isso nem fosse uma coincidência bizarra), soltou: "Ah, o carro onde você bateu a cabeça está estacionado no mesmo lugar. E dá uma olhada na roda, pois o seu sangue ainda está lá." Oi? "Sim, foi bem ali que você bateu."
Cheguei mais perto do jipe preto da Suzuki, com placa do interior de São Paulo, e dei aquele sorrisinho amarelo ao me imaginar com o corpo desfalecido, todo torto, e a cabeça enfiada naquele automóvel – que, em uma última análise, foi um santo carro, afinal, não fiquei com sequela alguma. Típica cena que, se fosse em um filme, a gente acharia o roteiro um pouco forçado.
E, para provar que a vida real é sempre uma história pronta para uma ficção manjada, claro que o funcionário que mais me ajudou (e que estava de folga nessa quarta) se chama… Deusimar. Quer dizer, meu anjo da guarda não agiu sozinho, graças a Deus. Como sigo fazendo exames investigando se há algum parafuso fora do lugar que tenha causado minha queda (por ora, dois neuros deram o mesmo diagnóstico: tive uma síncope – perda dos sentidos por má irrigação do sangue no cérebro), achei uma boa tomar outro suco de melancia para eliminar da lista esse possível vilão.
O suco estava ótimo, a visão não embaçou, não fiquei tonto e fui caminhando, a passos firmes, tomar um sorvete no Frida & Mina para celebrar o fato de nada grave ter ocorrido na queda, antes de buscar o Nico na escola. Aproveito o ensejo para agradecer as mensagens de carinho enviadas para o Face e para esse blog. Mesmo antes de os resultados da penca de exames que estou fazendo ficarem prontos, já sei que o principal diagnóstico é acostumar com a ideia que farei 45 anos em menos de um mês e agora os limites são outros. Tudo certo, vamos nessa.
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